- Ricardo Buzzo
- 22 de agosto de 2022, às 12:00
A produção industrial do Brasil registrou um aumento em maio, recuperando parte das perdas do mês anterior. No entanto, o setor ainda se encontra abaixo do patamar pré-pandemia, enfrentando dificuldades de recuperação em meio aos impactos do encarecimento do crédito. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 0,3% na produção em relação a abril. Esse é o segundo resultado positivo para o setor neste ano e está em linha com as expectativas.
Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial apresentou um crescimento de 1,9%, abaixo das expectativas de avanço de 1,1%. Apesar do resultado positivo em maio, a indústria ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.
André Macedo, gerente da pesquisa, destaca que a inflação mais baixa pode contribuir para o consumo das famílias, mas os juros altos ainda afetam o endividamento e a inadimplência. Embora haja uma perspectiva de melhora com relação à inflação e ao mercado de trabalho, ainda há um longo caminho a percorrer para recuperar as perdas passadas, e a indústria continua operando em um patamar semelhante ao do início de 2009.
Os analistas avaliam que a indústria brasileira enfrentará dificuldades ao longo de 2023, apresentando um desempenho fraco ou estável, devido aos juros altos e ao endividamento das famílias, que afetam o consumo de bens de maior valor e os investimentos em equipamentos. Além disso, a economia global também está fragilizada.
Atualmente, a taxa básica de juros Selic está em 13,75%. No entanto, o Banco Central indicou que pode reduzi-la a partir de agosto, desde que se mantenha o cenário de arrefecimento da inflação. As medidas do governo para incentivar o setor automobilístico podem fornecer alguma ajuda à indústria, porém, mesmo com essa possível melhora, é provável que a indústria encerre o ano em queda, devido aos efeitos defasados da política monetária e ao desaceleramento do crescimento global.
No mês de maio, houve disseminação de taxas positivas em três das quatro grandes categorias econômicas e em 19 dos 25 ramos investigados, marcando o maior espalhamento desde setembro de 2020. As maiores influências positivas vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (7,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (7,4%) e máquinas e equipamentos (12,3%).
O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias voltou a crescer após dois meses consecutivos de queda, nos quais acumulou uma redução de 2,6%, de acordo com o IBGE. A explicação para o crescimento em maio está relacionada ao retorno da produção, após paralisações e concessões de férias coletivas ocorridas nos meses anteriores. Por outro lado, os resultados negativos foram observados nos setores de produtos alimentícios (-2,6%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%).
Entre as categorias econômicas, destacou-se o aumento de 9,8% nos Bens de Consumo Duráveis. Os Bens de Capital também apresentaram um avanço de 4,2%, enquanto os Bens Intermediários tiveram um ganho de 0,1%. O único resultado negativo foi registrado nos Bens de Consumo Semi e não duráveis, com uma queda de 1,1% na produção.