- Ricardo Buzzo
- 13 de janeiro de 2023, às 13:02
A integridade nas empresas tem mostrado avanços consideráveis nos últimos anos, de acordo com a pesquisa mais recente do Relatório Global de Integridade 2024, conduzida pela EY, uma das principais empresas globais de consultoria e auditoria.
No Brasil, 66% dos entrevistados acreditam que houve uma melhoria significativa neste aspecto, superando a média de 64% observada em toda a América Latina. O estudo revela que a integridade e a confiança corporativa são fundamentais para o sucesso empresarial, com 62% dos brasileiros notando um maior comprometimento da gestão com a integridade. Além disso, 54% dos respondentes mencionaram um aumento no acompanhamento das exigências regulatórias, enquanto 39% observaram um maior rigor dos clientes na escolha de parceiros éticos.
Integridade, no contexto empresarial, refere-se à criação de uma cultura que promove decisões éticas e protege as organizações contra ganhos de curto prazo obtidos por meio de comportamentos antiéticos. Em um ambiente de negócios cada vez mais complexo, com variáveis macroeconômicas e geopolíticas, a integridade corporativa enfrenta desafios adicionais.
O sócio-líder da EY Brasil para Forensics & Integrity Services, Marlon Jabbur, ressalta que, apesar dos avanços, ainda há preocupações. "Mesmo com a conscientização crescente sobre a importância da integridade, persiste um alerta sobre a disposição de alguns colaboradores para adotar comportamentos antiéticos em busca de benefícios pessoais ou para a empresa", afirma Jabbur. Ele destaca que ações práticas dos líderes são essenciais para inspirar e refletir os valores de integridade na organização.
A pesquisa também aponta que 83% dos respondentes esperam que suas lideranças estejam ativamente envolvidas na condução de casos relacionados à má conduta, não apenas nas discussões sobre ética. No Brasil, 40% dos gestores acreditam que as empresas melhoraram o acesso dos colaboradores aos canais de denúncias, embora apenas 26% dos funcionários operacionais compartilhem dessa visão.
A pesquisa revela que 53% dos entrevistados se sentiram pressionados a não relatar condutas inadequadas, e 41% temem por sua segurança pessoal, mostrando que ainda há desafios na criação de um ambiente seguro e transparente para denúncias. O estudo classifica os funcionários em três categorias principais: íntegros, potencialmente comprometidos e potencialmente facilitadores. Enquanto os funcionários íntegros não estão dispostos a agir de forma antiética sob qualquer circunstância, os outros dois grupos mostram diferentes níveis de predisposição a comportamentos antiéticos.
Além disso, 38% dos entrevistados latino-americanos e 35% dos brasileiros acreditam que há colaboradores dispostos a adotar práticas antiéticas para melhorar sua carreira ou situação financeira pessoal. Esses comportamentos incluem fornecer informações falsas, ignorar comportamentos antiéticos e falsificar dados.
A pesquisa também abordou temas atuais como a agenda Environment, Sustainability and Governance (ESG) e a aplicação de inteligência artificial (IA) nas empresas. No Brasil, 51% dos entrevistados afirmaram que suas empresas utilizam IA para compliance e integridade, um índice superior à média global de 29%. Entre esses, 92% demonstraram preocupação com a segurança da informação e ética no uso de algoritmos.
Sobre a agenda ESG, 74% dos entrevistados no Brasil afirmaram que suas empresas comunicam de forma clara e transparente sobre sustentabilidade. Marlon Jabbur destaca que a sustentabilidade é uma prioridade para muitas empresas, com 45% dos entrevistados indicando que é o tema mais relevante, seguido por questões de Recursos Humanos/Pessoas e gerenciamento de risco.
A pesquisa foi realizada com 5.464 profissionais de grandes organizações e órgãos públicos em 53 países, entre outubro de 2023 e janeiro de 2024. O Relatório Global de Integridade da EY oferece uma visão abrangente sobre a evolução da integridade empresarial e os desafios contínuos enfrentados pelas organizações em um cenário global complexo.
A integridade nas empresas tem mostrado um progresso significativo nos últimos anos, refletindo um compromisso crescente com práticas éticas e regulatórias. No entanto, ainda existem desafios a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à denúncia de comportamentos inadequados e à aplicação de valores de integridade em todos os níveis organizacionais.
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