- Ricardo Buzzo
- 01 de março de 2023, às 13:01
O ano de 2023 está chegando ao fim no Brasil, revelando um crescimento que superou as expectativas, porém com uma notável desaceleração nos últimos meses. Esse cenário traz consigo uma responsabilidade significativa para o próximo ano, uma vez que o impacto estatístico dos últimos 365 dias pode gerar um efeito negativo contínuo.
Em outras palavras, se não conseguirmos obter crescimento adicional, enfrentaremos potencialmente um cenário mais desafiador em 2024. Esse progresso foi impulsionado por reformas anteriores e por um desempenho excepcional na balança comercial, juntamente com um notável aumento no Produto Interno Bruto (PIB) do setor Agropecuário. No entanto, para manter e expandir esse progresso, será necessário fazer ajustes na economia.
A boa notícia é que as condições globais parecem favoráveis. A melhora na inflação nos Estados Unidos indica que o Federal Reserve (FED), o banco central do país, não deve impor restrições significativas à política monetária, permitindo a manutenção de uma abundância de liquidez global. Portanto, cabe ao Brasil criar as condições adequadas para atrair esses recursos e direcioná-los para investimentos produtivos.
As circunstâncias institucionais nacionais também são favoráveis: controle inflacionário, ausência de conflitos armados e raros desastres naturais. Agora, precisamos desenvolver políticas de curto e longo prazos para captar recursos, aproveitando as dificuldades enfrentadas por nossos concorrentes, como Turquia, Rússia, Argentina e até mesmo a Índia. Além disso, é importante considerar a volatilidade das decisões do líder chinês, Xi Jinping, que tem cada vez mais influência no mercado global.
No curto prazo, seria benéfico realizar ajustes fiscais, especialmente no controle das despesas. Manter um ambiente menos contencioso entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como entre a oposição e o partido governante, também seria de extrema importância. No longo prazo, é essencial investir na Reforma Administrativa e promover uma reestruturação significativa no sistema educacional, com foco na primeira infância e no ensino fundamental de qualidade.
Essas medidas têm como objetivo reduzir as desigualdades e formar uma mão de obra mais qualificada para o futuro. Além disso, é fundamental buscar uma abertura comercial gradual, pois sem isso, nossa indústria não conseguirá competir com o restante do mundo.
Embora o panorama internacional seja favorável para o Brasil no próximo ano, as reformas implementadas no país já alcançaram seu limite de impacto. Aproveitar esse momento favorável dependerá das ações internas que tomarmos. Mesmo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projete um crescimento de 1,5% para 2024, temos o potencial de superar essa marca por meio de esforços fiscais e reformas adequadas. Se nada for feito, corremos o risco de ficar abaixo desse patamar, o que seria desastroso.
À medida que nos aproximamos de um novo ano, o resultado da economia brasileira ainda está incerto, com grande parte dependendo das decisões que serão tomadas nos próximos meses. Mesmo em meio a um contexto favorável, o governo precisa de uma estratégia e planejamento robustos para aproveitar esse momento.
As previsões indicam que enfrentaremos um ano desafiador, como já refletido nos dados finais de 2023. A desaceleração já está em andamento, mas felizmente ainda há espaço para elevar o potencial de desenvolvimento com a implementação de medidas adequadas. É uma questão de aguardar e observar.